O constitucionalismo espectral: presença, tempo e narrativa à luz de Roque Larraquy

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18759/rdgf.v20i3.1760

Palavras-chave:

Constitucionalismo. Espectralidade. Multitemporalidades

Resumo

O presente artigo questiona o constitucionalismo crononormativo que, ao se caracterizar por uma temporalidade linear, homogênea, abstrata e direcional, nega o reconhecimento de ritmos sociais distintos do padrão hegemônico do presente. Valendo-se da metodologia do direito através da literatura, em especial das intuições presentes na obra de Roque Larraquy, o texto faz uma reflexão interdisciplinar das categorias de presença/ausência, tempo e narrativa. Ao final, propõe-se um constitucionalismo espectral fundado na perda como constitutiva da modernidade, na simultaneidade dos tempos não-simultâneos e no poder narrativo das experiências sociais invisibilizadas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Douglas Antônio Rocha Pinheiro, Universidade de Brasília

Professor do Faculdade de Direito e do Programa de Pós-Graduação em Direito (Mestrado e Doutorado) da Universidade de Brasília. Doutor em Direito pela Universidade de Brasília.

Referências

AMÉRY, Jean. At the mind’s limits: contemplations by a survivor on Auschwitz and its realities. Bloomington: Indiana UP, 1980.

AUYERO, Javier. Vidas e política das pessoas pobres – as coisas que um etnógrafo político sabe (e não sabe) após 15 anos de trabalho de campo. Sociologias, Porto Alegre, a. 13, n. 28, p. 126-164, set.-dez. 2011.

BARTLETT, Katharine. Feminist legal methods. Harvard Law Review, Cambridge, v. 103, n. 4, p. 829-888, fev. 1990.

BEVERNAGE, Berber. The past is evil/evil is past: on retrospective politics, philosophy of history, and temporal manichaeism. History and Theory, Middletown, v. 54, p. 333-352, out. 2015.

BARROSO, Luís Roberto; BARCELLOS, Ana Paula de. O começo da história. A nova interpretação constitucional e o papel dos princípios no direito brasileiro. RDA – Revista de Direito Administrativo, Rio de Janeiro, v. 232, p. 141-176, abr.-jun. 2003.

BAKHTIN, Mikhail M. O discurso no romance. In: Idem. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. 2. ed. São Paulo: Hucitec/Unesp, 1990.

_______. Toward a philosophy of the act. Austin: University of Texas Press, 1993.

BOELLSTORFF, Tom. When marriage falls: queer coincidences in straight time. GLQ: A Journal of Lesbian and Gay Studies, Durham, v. 13, n. 2-3, p. 227-248, 2007.

BOURDIEU, Pierre. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

CHENG, Anne Anlin. The melancholy of race: psychoanalysis, assimilation, and hidden grief. New York: Oxford UP, 2000.

DIDI-HUBERMAN, Georges. The surviving image: phantoms of time and time of phantoms: Aby Warburg’s History of Art. University Park: Penn State UP, 2017.

EDELMAN, Lee. No future: queer theory and the death drive. Durham: Duke UP, 2004.

FABIAN, Johannes. Time and the Other: how anthropology makes its object. New York: Columbia UP, 1983.

FERBER, Ilit, Philosophy and melancholy: Benjamin’s early reflections on theater and language. Stanford: Stanford UP, 2013.

FREEMAN, Elizabeth. Time binds: queer temporalities, queer histories. Durham: Duke UP, 2010.

FREUD, Sigmund. Luto e melancolia (1917). Trad. Marilene Carone. Novos Estudos, São Paulo, n. 32, p. 128-142, mar. 1992.

_______. O eu e o id (1923). In: FREUD, Sigmund. Obras completas (1923-1925). São Paulo: Companhia das Letras, 2011, v. 16, p. 13-74.

GONZÁLEZ, José Calvo. Teoría literaria del derecho. In: FABRA ZAMORA, Jorge Luis; VAQUERO, Alvaro Núñez (Org.). Enciclopedia de Filosofía y Teoría del Derecho. Ciudad de México: UNAM, 2015, v. 1, p. 695-736.

GIORGI, Gabriel. Lo real contiene todos sus pasados. Informe sobre espectros. Estudios de Teoría Literaria, Mar del Plata, a. 4, n. 8, p. 13-22, set. 2015.

HÄBERLE, Peter. Hermenêutica Constitucional – A sociedade aberta dos intérpretes da Constituição: contribuição para interpretação pluralista e “procedimental” da Constituição. Direito Público, Brasília, v. 11, n. 60, p. 25-50, nov.-dez. 2014.

HARTOG, François. Regimes de historicidade: presentismo e experiências do tempo. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

KANTOROWICZ, Ernst. Os dois corpos do rei: um estudo sobre teologia política medieval. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

KARAM, Henriete. Questões teóricas e metodológicas do direito na literatura: um percurso analítico-interpretativo a partir do conto Suje-se gordo!, de Machado de Assis. Direito GV, São Paulo, v. 13, n. 3, p. 827-865, set.-dez. 2017.

KLIBANSKY, Raymond; PANOFSKY, Erwin; SAXL, Fritz. Saturn and melancholy: studies in the history of natural philosophy, religion and art. Nendeln: Kraus, 1979.

KOSELLECK, Reinhart. Estratos do tempo: estudos sobre história. Rio de Janeiro: PUC-Rio, Contraponto, 2014.

LAGES, Susana Kampff. Walter Benjamin: tradução e melancolia. 1ª ed. 2ª reimpr. São Paulo: Edusp, 2019.

LARRAQUY, Roque. La comemadre. Madrid: Turner, 2014 (e-book).

LARRAQUY, Roque; ONTIVERO, Diego. Informe sobre ectoplasma animal. Buenos Aires: Eterna Cadencia, 2014.

MOREIRA, Nelson Camatta; PAULA, Rodrigo Francisco de. O constitucionalismo da falta no Brasil. A&C: Revista de Direito Administrativo & Constitucional, Belo Horizonte, a. 17, n. 70, p. 93-105, out.-dez. 2017.

OLIVEIRA, Marcelo Andrade Cattoni de; GOMES, David Francisco Lopes. Independência ou sorte: ensaio de história constitucional do Brasil. Revista da Faculdade de Direito – UFPR, Curitiba, n. 55, p. 19-37, 2012.

OST, François. O tempo do direito. Bauru: Edusc, 2005.

RÍOS, Valeria de los. Ciencia, animal y fantasma en La comemadre e Informe sobre ectoplasma animal de Roque Larraquy. Estudios Filológicos, Valdivia, n. 61, p. 215-227, jun. 2018.

ROSA, Hartmut. Social acceleration: ethical and political consequences of a desynchronized high-speed society. In: ROSA, Hartmut; SCHEUERMAN, William (Ed.). High-speed society: social acceleration, power, and modernity. University Park: Penn State UP, 2009, p. 77-111.

ROSENFELD, Michel. A identidade do sujeito constitucional. Trad. Menelick de Carvalho Netto. Belo Horizonte: Mandamentos, 2003.

RUCOVSKY, Martin A. de Mauro. Informe sobre ectoplasma humano: biopolítica y ficción. Badebec: Revista del Centro de Estudios de Teoría y Crítica Literaria, Rosario, v. 5, n. 9, p. 118-145, set. 2015.

SCHEUERMAN, William E. Liberal democracy and the empire of speed. Polity, Chicago, v. 34, n. 1, p. 41-67, autumn 2001.

SCHIERA, Pierangelo. Melancolia e direito: confrontação entre indivíduo e disciplina a favor do ordenamento. In: PETIT, Carlos (Org.). Paixões do jurista: amor, memória, melancolia, imaginação. Curitiba: Juruá. 2011, p. 119-165.

SPIVAK, Gayatri Chakravorty. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2010.

VESPAZIANI, Alberto. O poder da linguagem e as narrativas processuais. Anamorphosis: Revista Internacional de Direito e Literatura, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 69-84, jan.-jun. 2015.

Downloads

Publicado

2019-12-20

Como Citar

Pinheiro, D. A. R. (2019). O constitucionalismo espectral: presença, tempo e narrativa à luz de Roque Larraquy. Revista De Direitos E Garantias Fundamentais, 20(3), 199–224. https://doi.org/10.18759/rdgf.v20i3.1760