Perspectivas sobre a inquisitorialidade no processo penal brasileiro: heranças do tecnicismo-fascista
DOI:
https://doi.org/10.18759/rdgf.v24i1.2203Palavras-chave:
Processo penal, Fascismo, InquisitorialidadeResumo
O presente artigo tem como escopo problematizar as raízes do autoritarismo no processo penal brasileiro, especificamente o legado do tecnicista-fascista e sua contribuição para a manutenção da estrutura processual vigente e da racionalidade que viabiliza o arbítrio no campo. Sua elaboração foi procedida mediante pesquisa histórica, através de revisão de bibliografia e de documentos pertinentes ao tema, sendo que os resultados da investigação estão estruturados em quatro tópicos, nos quais são analisados a construção dos paradigmas inquisitoriais; a forma como eles foram reaproveitados pela tradição jurídico-penal liberal e pelo positivismo criminológico e se consubstanciaram no tecnicismo-jurídico; o desenvolvimento da processualística fascista; e os pormenores da introdução da orientação tecnicista-fascista no processo penal brasileiro e seus reflexos no atual contexto.
Downloads
Referências
AMODIO, Ennio. Estetica della giustizia penale. Prassi, media, fiction. Milano: Giuffrè, 2016.
AMODIO, Ennio. Verso una storia della giustizia penale in età moderna e contemporanea In: Criminalia. Annuario di scienza penalistiche. Pisa: Edizione ETS, 2010.
ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Do paradigma etiológico ao paradigma da reação social: Mudança e permanência de paradigmas criminológicos na ciência e no senso comum. Revista Brasileira de Ciências Criminais. Criminologia e medicina legal, São Paulo, ano 4, n. 14, 1996.
ARMENTA DEU, Teresa. Lecciones de Derecho Procesal Penal. 5. ed. Madrid: Marcial Pons, 2010.
BARATTA, Alessandro. Filosofia e Direito Penal: Notas sobre alguns aspectos do desenvolvimento do pensamento penal italiano desde Beccaria aos nossos dias. Tradução de André Giambernardino. Revista da Faculdade de Direito da UFPR. Curitiba, UFPR, v. I, n. 53, 2011.
BLINKHORN, Martin. Mussolini e a Itália Fascista. Tradução de Ivone C. Benedetti. São Paulo: Paz e Terra, 2009.
BATISTA, Vera Malaguti. Introdução crítica à criminologia brasileira. 2 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2012.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Vol. I. Parte Geral. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
CAMPESI, Giuseppe. Genealogia dela pubblica sicurezza. Teoria e storia del moderno dispositivo policialesco. Verona: Ombre Corte, 2009.
CAMPOS, Francisco. A competência do Supremo Tribunal Federal – Seu caráter constitucional. Discurso pronunciado na Câmara Federal dos Deputados, em 1925. In: CAMPOS, Francisco. Direito Constitucional. Vol. II. São Paulo; Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1956.
CAMPOS, Francisco. Anais da Câmara dos Deputados (1921 - Vol. 17). Sessão em 10 de dezembro de 1921.
CAMPOS, Francisco. O Estado Nacional. Sua estrutura, seu conteúdo ideológico. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2001.
CARVALHO, Salo de. Antimanual de criminologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011.
CARVALHO, Thiago Fabres. Criminologia, (in)visibilidade, reconhecimento. O controle penal da subcidadania no Brasil. Rio de Janeiro: Revan, 2014.
COLAO, Floriana. I processi ai <> prima dell’istituzione del Tribunale speciale per la difesa dello Stato. In: LACCHÈ, Luigi. (Org). Il diritto Del Duce: giustizia e repressione nell'Italia fascista. Roma: Donzelli Editore, 2015.
CORDERO, Franco. Ideologia del processo penale. Milano: Giuffrè, 1966.
DELLA VILLA, Giovani Frazão. O Projeto Carnelutti na reforma do Código de Processo Penal italiano e o contraditório necessário ao justo processo. In: MIRANDA COUTINHO; PAULA, Leonardo Costa de; SILVEIRA; Marco Aurélio Nunes da (Org.). Mentalidade inquisitória e processo penal no Brasil. Anais do Congresso Internacional “Diálogos sobre processo penal entre Brasil e Itália”. Vol. 1. Florianópolis: Empório do Direito, 2016.
DEL OLMO, Rosa. A América Latina e sua criminologia. Tradução de Francisco Eduardo Pizzolante e Sylvia Moretzsohn. Rio de Janeiro: Revan, 2004.
EYMERICO, Nicolao. Manual de inquisidores: para uso de las inquisiciones de España e Portugal. Traducida del frances em idioma castellano por Don. J. Marchena. Valladolid, Maxtor, 2010.
FERRAJOLI, Luigi. Derechos y garantias: la ley del más débil. 7ª Ed. Madrid: Trotta, 2010.
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. 3. ed. rev. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.
FERRI, Enrico. Princípios de Direito Criminal. O Criminoso e o Crime. Tradução de Paolo Capitaneo. 2 ed. Campinas: Bookseller, 1999.
FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Tradução de Roberto Cabral de Melo Machado e Eduardo Jardim Morais. Rio de Janeiro: NAU Editora, 2003.
GARLATI, Loredana (Org.). L'inconscio inquisitorio. L'eredità del Codice Rocco nella cultura processualpenalistica italiana. Milano: Giuffrè, 2010.
GAROFALO, Raffaele; CARELLI, Luigi. Riforma della procedura penale in Itália. Progetto di um Nuovo C Torino: Fratelli Bocca Editori, 1889.
GENTILE, Emilio; DE FELICE, Renzo. A Itália de Mussolini e a origem do Fascismo. Tradução de Fátima Conceição Murad. São Paulo: Ícone, 1988.
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Autoritarismo e processo penal. Uma genealogia das ideias autoritárias no processo penal brasileiro. Florianópolis: Tirant Lo Blanch, 2018.
GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. O garantismo inquisitório brasileiro: Continuidades do discurso autoritário no pensamento processual penal. In: MIRANDA COUTINHO, Jacinto Nelson de; PAULA, Leonardo Costa de; SILVEIRA, Marco Aurélio Nunes da (Orgs.). Mentalidade inquisitória e processo penal no Brasil. Diálogos sobre processo penal entre Brasil e Itália. Vol. 2. Florianópolis: Empório do Direito, 2017.
GÓMEZ-COLOMER, Juan LuisC. El Proceso Penal Adversarial. Una crítica constructiva sobre el llamado sistema acusatorio. México-DV: Ubijus. 2012.
GONZÁLEZ-CUÉLLAR SERRANO, Nicolás. Ecos de Inquisición. Madrid: Ediciones Jurídicas Castillo de Luna, 2014.
HESPANHA, Antônio Manuel. Os modelos jurídicos do liberalismo, ao fascismo e o Estado Social. Continuidades e rupturas. Análise Social. Vol. XXXVII, 2003.
KAMEN, Henry. A Inquisição na Espanha. Tradução de Leonidas Gontijo de Carvalho. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1966.
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, James. O martelo das feiticeiras. 6. ed. Malleus Maleficarum. Tradução de Paulo Fróes. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991.
KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2007.
LACCHÈ, Luigi. La giustizia per i galantuomini. Ordine e libertà nell’Italia liberale: Il dibattito sul carcere preventivo (1865-1913). Milano: Giuffrè, 1990.
LACCHÈ, Luigi. Tra giustizia e repressione: i volti del regime fascista. Introduzione. In: LACCHÈ, Luigi. (Org). Il diritto Del Duce: giustizia e repressione nell'Italia fascista Roma: Donzelli Editore, 2015.
LIPINER, Elias. Santa Inquisição: Terror e linguagem. Rio de Janeiro: Editora Documentário, 1977.
MANGINI, R.; GABRIELI, F. P.; COSENTINO, U. Codice di Procedura Penale. Ilustrato con i Lavori Preparatori. Roma: Tipografia Della Camera Dei Deputati, 1930.
MANN, Michael. Fascistas. Tradução de Clóvis Marques. Rio de Janeiro: Record, 2008.
MANZINI, Vincenzo. Dei limiti dell’intervento della difesa nella instruttoria penale secondo la teoria dei diritti pubblici subiettivi. Milano: Stab. Tip. Marino Bellinzaghi, 1906.
MANZINI, Vincenzo. Istituizioni di Diritto Penale Italiano. Vol. I. Parte Generale. 9. ed. Padova: CEDAM, 1949.
MANZINI, Vincenzo. La crisi presente del Diritto Penale. Discorso inaugurale pronunciato per l’apertura dello ano acadêmico 1899-900 nell’Università Di Ferrara. Ferrara: Tip. Taddei, 1900.
MANZINI, Vincenzo. La política criminale e il problema della lotta contro la delinquenza e la malavita. Rivista Penale di Dottrina, Legislazione e Giurisprudenza, Unione Tipografico Editrice-Torinense, Torino, Vol. LXXIII, 1911.
MANZINI, Vincenzo. Tratado de Derecho Procesal Penal. Tomo I. Buenos Aires: UJEA, 1951.
MANZINI, Vincenzo. Trattato di Diritto Penale Italiano secondo Il códice del 1930. Volume Primo. Torino: Unione Tipografico – Editrice Torinense, 1933.
MANZINI, Vincenzo. Trattato di Diritto Penale Italiano. Vol. I. Torino: Fratelli Bocca Editori, 1908.
MANZINI, Vincenzo. Trattato di diritto penale italiano. Vol. I. Torino: Utet, 1948.
MANZINI, Vincenzo. Trattato de Procedura Penle e di Ordenamento Giudiziario. Vol. I. Torini: Fratelli Bocca Editori, 1920.
MANZINI, Vincenzo. Trattato di Dirito Processuale Penale Italiano secondo il Nuovo Codice. Volume Primo. Torino: Unione Tipográfico – Editrice Torinense, 1931.
MANZINI, Vincenzo. Un decennio di applicazione del Codice di Procedura Penale Rocco. In: Analli di Diritto e Procedura Penale. Vol. II. Torino: Unione Tipografico – Editrice Torinense, 1941.
MARTONE, Luciano. Aspetti del sistema penale liberale e fascista tra leggi speciali e garanzie processuali. Torino: G. Giappichelli Editore, 2017.
MILETTI, Marco Nicola. Giustizia penale e identità nazionale. Quaderni Fiorentini. Per la historia del pensiero giuridico moderno, Giuffrè, Milano, vol. 45, 2016.
MILETTI, Marco Nicola. La scienza nel Codice. Il diritto processuale penale nell’Italia fascista. In: GARLATI, Loredana (Org.). L'inconscio inquisitorio. L'eredità del Codice Rocco nella cultura processualpenalistica italiana. Milano: Giuffrè, 2010.
MILL, John Stuart. Sobre a liberdade. 2. ed. Tradução de Alberto da Rocha Barros. Petropolis: Vozes, 1991.
MIRANDA COUTINHO, Jacinto Nélson de. Sistema Acusatório: Cada parte no lugar constitucionalmente demarcado. In: SILVEIRA, Marco Aurélio Nunes da; PAULA, Leandro Costa de (Orgs.). Observações sobre os sistemas processuais penais. Escritos do Prof. Jacinto Nélson de Miranda Coutinho. Curitiba: Observatório da Mentalidade Inquisitória, 2018.
MOCCIA, Sergio. La perene emergenza. Tendenze autoritarie nel sistema penale. 2. ed. Napoli: Edizioni Scientifiche Italiane, 2011.
MORAES, Maurício Zanoide de. Presunção de inocência no processo penal brasileiro. Análise de sua estrutura normativa para a elaboração legislativa e para a decisão judicial. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010.
MORO, Sergio Fernando. Discurso de posse do Ministro da Justiça e da Segurança Pública do Brasil. Brasília, DF, 02.01.2019. Disponível em: https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/noticias/2019/01/com-desafio-de-combater-a-corrupcao-moro-toma-posse-na-justica. Último acesso em 12.jan.2022.
NOVINSKY, Anita Waingort. Inquisição: prisioneiros do Brasil. Rio de Janeiro: Expressão e cultura, 2002.
PARIS, Robert. As origens do Fascismo. São Paulo: Perspectiva, 1976.
PASTANA, Debora Regina. Justiça Penal no Brasil contemporâneo. Discurso democrático, prática autoritária. São Paulo: UNESP, 2009.
PESSI, Diego; SOUZA, Leonardo Giardin. Bandidolatria e democídio: ensaios sobre garantismo penal e a criminalidade no Brasil. Santo André: Armada, 2017.
PRADO, Geraldo et al. Decisão judicial: a cultura jurídica brasileira na transição para a democracia. São Paulo: Marcial Pons, 2012.
SALES, José Edvaldo Pereira. Autoritarismo e Garantismo: Tensões na Tradição Brasileira. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2021.
SANTOS, Boaventura de Souza. A crítica da razão indolente. Contra o desperdício da experiência. 5ª Ed. São Paulo: Cortez, 2005.
SBRICCOLI, Mario. Le mani nella pasta e gli occhi al cielo. La penalística italiana negli anni del Fascismo. Quaderni Fiorentini. Per la historia del pensiero giuridico moderno, Giuffrè, Milano, Vol. 28, 1999.
SCHWARZENBERG, Claudio. Diritto e giustizia nell’Itália fascista. Milano: Mursia Editore, 1976.
SCHWARCZ, Lilia. Sobre o autoritarismo brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
SILVEIRA, Felipe Lazzari da. Para uma crítica da razão fascista no processo penal brasileiro. São Paulo: Tirant Lo Blanch, 2021.
SONTAG, Ricardo. Código e Técnica. A reforma penal brasileira de 1940, tecnicização da legislação e atitude técnica diante da lei em Nelson Hungria. Dissertação (Mestrado em Direito). Universidade Federal de Santa Catarina. 2009.
SOUZA, Moacyr Benedicto. A Influência da Escola Positiva no Direito Penal Brasileiro. São Paulo: Livraria e Editora Universitária de Direito Ltda., 1982.
STRONATI, Monica. La grazia e la giustizia durante il fascismo. In: LACCHÈ, Luigi. (Org). Il diritto Del Duce: giustizia e repressione nell'Italia fascista. Roma: Donzelli Editore, 2015.
TONINI, Paolo. Guida allo studio del processo penale. Tavole sinottiche e atti. 9. ed. Milano: Giuffrè, 2016.
VASSALI, G. Introduzione. In: GARLATI, Loredana (Org.). L'inconscio inquisitorio. L'eredità del Codice Rocco nella cultura processualpenalistica italiana. Milano: Giuffrè, 2010.
WIVIURK, Eduardo Seino. Joana D'Arc. Julgamentos e a Relação Entre Estado e Igreja na Idade Média. São Paulo: Juruá, 2016.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl; OLIVEIRA, Edmundo. Criminologia e política criminal. Rio de Janeiro: GZ Editora, 2010.
ZAFFARONI, Eugenio Raul. Em busca das penas perdidas: a perda da legitimidade do sistema penal. Tradução Vânia Romano Pedrosa e Amir Lopez da Conceição. Rio de Janeiro: Revan, 2001.
ZAFFARONI, Eugênio Raul. O inimigo no Direito Penal. 2. ed. Rio de Janeiro: Revan, 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Proposta de Aviso de Direito Autoral Creative Commons
1. Proposta de Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à Revista de Direitos e Garantias Fundamentais o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).