A toupeira e a serpente

Autores

  • Sandro Chignola Università degli Studi di Padova

DOI:

https://doi.org/10.18759/rdgf.v19i3.1599

Palavras-chave:

Biopolítica. Governamentalidade. Controle. Bioeconomia. Capitalismo.

Resumo

O artigo tem como ponto de arranque o estudo sobre o biopoder, em particular, desde as transformações da atual fase de expansão mundial do capitalismo. Para tanto, seguindo a trilha de Foucault, no trânsito e contaminações entre soberania, disciplina e biopoder, interroga a série de elementos configuradores das tecnologias voltadas ao “governo da vida”, tanto em relação ao controle dos corpos quanto da população. Assim, analisando duas figuras zoopolíticas, índices do alojamento da vida, para Deleuze, a serpente a e toupeira, aponta a profunda mutação do capitalismo como sociedade de controle biopolítico, sobretudo, destacando como o fluxo único e ininterrupto de informações é gerenciado para fins de segurança (riscos) ou de valorização imediata (dados). Noutros termos, há, por um lado, algoritmos de controle biopolítico que mo­dulam fluxos de informação, filtram e canalizam a mobilidade de indivíduos e populações e que, por outro, forjam bancos de dados e pacotes de informações que descrevem estilos de consumo e capturam formas de vida através de coo­peração gratuita. Enfim, o decisivo quanto à evolução do biopoder passa pelo controle de fluxos que opera algoritmos de administração e gerenciamento do social, produzindo uma série de tecnologias sobrepostas para fins comerciais, securitários e militares.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandro Chignola, Università degli Studi di Padova

Doutor em Altos Estudos Contemporâneos (Ciência Política, História das Ideias e Estudos Internacionais Comparativos) pela Universidade de Coimbra (Portugal); Doutor, Mestre e Especialista em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e Pós-Graduação em Direito Penal Econômico e Europeu pela Universidade de Coimbra. É Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências Criminais (PPGCCrim/mestrado e doutorado) e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) junto à linha de Criminologia, Crime e Segurança Pública. Pesquisador-convidado do Ius Gentium Conimbrigae (IGC) - Centro de Direitos Humanos da Universidade de Coimbra, tendo experiência na área de Direito e História das Ideias, com ênfase em Criminologia, Direitos Humanos, Direito Penal e Processo Penal, Filosofia e Sociologia do Direito. Atua, principalmente, nos seguintes temas, hoje liderando o Grupo de Pesquisa "Criminologia, Cultura Punitiva e Crítica Filosófica": cultura penal, violência punitiva, direitos humanos; controle social e segurança pública; sociologia e filosofia políticas; criminologia, direito penal e processo penal. 

Referências

AGAMBEN, G.. Stato di eccezione. Homo Sacer, II, 1. Torino: Bollati Boringhieri, 2003 [Estado de Exceção. Tradução de Iraci Poleti. São Paulo: Boitempo, 2004].

_______. Che cos’è un dispositivo. Roma, nottetempo, 2006 [O que é um dispositivo. Outra travessia, n. 5, Ilha de Santa Catarina – 2º semestre de 2005, pp. 01-08].

AMOORE, L. e De GOEDE, M.. Governance, risk and dataveillance in the war on terror. Crime, Law and Social Change, 43 (2), 2005, pp. 149-173

AMOORE, L.. The Politics of Possibility. Risk and Security Beyond Probability. Durham and London: Duke University Press, 2013.

ARMANO, E., MURGIA, A. e TELI, M (a cura di). Platform Capitalism e confini del lavoro negli spazi digitali. Milano: Mimesis, 2017.

ARIENZO, A.. La governance. Roma: Ediesse, 2013.

BALIBAR, E.. Politics and the Other Scene. London: Verso, 2002.

BECK, U.. Die Risikosellschaft: auf dem Weg in eine andere Moderne. Frankfurt a. M.: Suhrkamp, 1986 [Sociedade de Risco: rumo a uma outra modernidade. Tradução de Sebastião Nascimento. São Paulo: Ed. 34, 2010].

_______. World as a Risk: the New Task of Critical Theory. Development and Society, 37-1, 2008, pp. 1-21.

BOLTANSKI, L. e CHIAPPELLO, E.. Le nouvel esprit du capitalism. Paris: Gallimard, 1999 [O novo espírito do capitalismo. Tradução de Ivone C. Benedetti e Revisão Técnica Brasílio Sallum Jr.. São Paulo: Martins Fontes, 2009].

CANGUILHEM, G.. Il normale e il patologico. Torino: Einaudi, 1998 [O Normal e o Patológico. Tradução de Maria Thereza Barrocas. Revisão Técnica de Jorge Alberto Costa e Silva. 4ª edição revista e aumentada, com um Posfácio de Pierre Macherey, precedido de uma Apresentação de Louis Althusser, tradução de Luiz Otávio Barreto Leite. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995; Lo Normal y Lo Patológico. Traducción de Ricardo Potschart. Buenos Aires: Siglo ventiuno, 1971].

CASTEL, R.. From Dangerousness to Risk. In (Ed.) BURCHELL, G., GORDON, C. e MILLER, P.. The Foucault Effect. Studies in Governamentality. Chicago: The University of Chicago Press, 1991, pp. 281-298.

CHIGNOLA, Sandro. Foucault oltre Foucault: una politica della filosofia. Roma: Derive Approdi, 2014.

CHIGNOLA, Sandro. Body factories. In: (Eds.) RUTA, C. e MELVILLE, G.. Thinking the Body as a Basis, Provocation and Burden of Life. Studies in Intercultural and historical Contexts. Berlin/Boston: De Gruyter, 2015, pp. 3-18.

CORMENIN L. M. de LAHAYE, [Timon]. De la centralisation. Paris: Pagnerre, 1842.

COWEN, D.. The Deadly Life of Logistics: mapping violence in Global Trade. Minneapolis and London: University of Missouri Press, 2014.

DARDOT, P. e LAVAL, C. La nouvelle raison du monde: essai sur la société néolibérale. Paris: La Découverte, 2009 [A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Tradução de Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo].

DEAR, M. e LUCERO, H. M. Postborder Cities, postborder World: the Rise of Bajalta California. Environment and Planning D: Society and Space, 23, 2005, pp. 317-321.

DELEUZE, G.. Post-scriptum sur les sociétés de contrôle [1990]. In Pourparlers 1972-1990. Paris: Minuit, 2003, pp. 240-247. Post-scriptum sobre a sociedade de controle. In: Conversações. Deleuze, G. Tradução de Peter Pál Perbart. Rio de Janeiro: 34, 1992, pp. 219-226.]

DE LIBERA, A. Archéologie du sujet: i Naissance du sujet. Paris: Vrin, 2014.

DOYLE, M. “It’s the Third World down there?” The colonialist vocation and American criminal justice. In: Harvard Civil Rights-Civil Liberties Law Review, 27, 1992, pp. 71-126.

DUPONT-WHITE, C. B. La centralization. Paris: Libraire Guillaumin, 1860.

EWALD, F. L’État providence. Paris: Grasset, 1986.

_______. Norms, Discipline and the Law . Representations, 30, 1990, pp. 138- 161.

_______. Two Infinities of Risk. In: (Ed.) MASSUMI, B.. The Politics of Everyday Fear. Minneapolis and London: University of Minnesota Press,

, pp. 221- 228.

_______. The Return of Descartes’s Malicious Demon: An Outline of a Philosophy of Precaution. In: BAKER, T. Embracing Risk. The Changing Culture of Insurance and Responsibility. Chicago: The University of Chicago Press, 2002, pp. 273-301.

EWALD, F. e KESSLER, D.. Les noces du risque et de la politique. le debat, 2, 109, 2000, pp. 55-72.

FEELEY, M. e SIMON, J.. The New Penology: notes on the Emerging Strategies of Correction and its Implications. Criminology, 30, 4, 1992, pp. 449-474.

FOUCAULT, M. Surveiller et punir. naissance de la prison. Paris: Gallimard, 1975.

_______. Histoire de la sexualité, I, La volonté de savoir. Paris, Gallimard, 1976 [História da Sexualidade I. Vontade de Saber. Tradução de Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro, Graal, 1988].

_______. Le sujet et le pouvoir [1982]. In: Dits et écrits II, 1976-1988. Édition établie sous la direction de D. Defert et F. Ewald avec la collaboration de J. Lagrange. Paris: Gallimard, 2001, pp. 1041-1062 [O Sujeito e o Poder. In: DREYFUS, H L. e RABINOW, P.. Michel Foucault, uma trajetória filosófica (para além do estruturalismo e da hermenéutica). Tradução Vera Porto Carneiro, introdução traduzida por Antônio Carlos Maia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995, pp. 231-250].

_______. Sécurité, territoire, population. Cours au Collège de France (1977- 78). Paris: Gallimard/Seuil, 2004 [Segurança, território, população. Curso dado no Collège de France (1977-1978). Edição estabelecida por Michel Senellart sob a direção de François Ewald e Alessandro Fontana. Tradução Eduardo Brandão. Revisão da tradução Cláudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2008].

GAGO, V.. La razón neoliberal. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015.

GALTON, F. Composite Portraits, Made by Combining Those of Different Persons Into a Single Resultant Figure. Journal of the Anthropological Institute of Great Britain and Ireland, 8, 1879, pp. 132-144.

GARLAND, D.. The Culture of Control. Crime and Social Order in Contemporary Society. Chicago: The University of Chicago Press, 2001 [A Cultura do Controle: Crime e ordem social na sociedade contemporânea. Tradução, apresentação e notas André Nascimento. Rio de Janeiro: Revan, 2008].

GRAPPI, G.. Logistica. Roma: Ediesse, 2016.

HACKING, I.. Biopower and the Avalanche of Printed Numbers: humanities in Society, 5, 3/4, 1982, pp. 279-295.

_______. The Taming of Chance. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

KLUGE, F. Etymologisches Wörterbuch der deutschen Sprache, sechste verbesserte und vermehrte Auflage; Straßburg: Trüber, 1899 [An Etymological Dictionary of the German Language. Translated from the fourth german edition by John Francis Davis, London: George Bell & Sons. New York: Macmillan & Co., 1891]

KNIGHT, F. H.. Risk, Uncertainty and Profit [1921]. New York: Kelley, Reprints of Economic Classic, 1964.

MACHEREY, P. Il soggetto delle norme. (A cura di) DE MICHELE, G.. Verona: ombre corte, 2017.

MARX, K.. Das Kapital [1867]. In MEW, Bd. 23, Berlin, 1962, Dietz Verlag [O Capital: Crítica da Economia Política. Livro I (O processo de produção do capital). Tradução de Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2013; El capital: crítica de la economía política. Libro Primero (el proceso de producción de capital). Vol. 1. Edicción a cargo de Pedro Scaron. Madrid: Siglo XXI, 1975].

MASSUMI, B. The Future Birth of Affective Fact. In: (Eds.) GREGG, M. e SEIGWORTH, G. Y. The Affect Theory Reader. Durham and London: Duke University Press, 2010, pp. 52-70.

MEZZADRA, S.. e FUMAGALLI, A. (A cura di): crisi dell’economia globale. Mercati finanziari, lotte sociali e nuovi scenari politici. Verona: ombre corte, 2005 [Crisis in the Global Economy: financial markets, social struggles, and the new political scenarios. Translated by Jason Francis Mc Gimsey. Los Angeles: Semiotext(e) and Ombre Corte, 2010].

MEZZADRA, S. e NEILSON, B.. Border as Method, or, the Multiplication of Labor. Durham and London: Duke University Press, 2013.

_______. Operations of Capital. Souh Atlantic Quarterly, 114, 1, 2015, pp. 1-9.

NEGRI, A. Marx and Foucault. Essays volume I. Cambridge: Polity Press, 2017.

PASQUINELLI, M.. L’algoritmo PageRank di Google: diagramma del capitalismo cognitivo e rentier dell’intelletto commune. Sociologia del lavoro, 2009, pp.153-163.

QUETELET, A. Sur l’homme et le développement de ses facultés [1835]. Paris: Fayard, 1891 [Física social o Ensayo sobre el hombre y el desarrollo de sus facultades. Revista española de investigaciones sociológicas, nº 87, 1999, pp. 305-324].

RAVAISSON, F. Fragments de Ravaisson. in: JANICAUD, D. Ravaisson et la métaphysique. Une généalogie du spiritualisme français. Paris: Vrin, 1997.

REICHMANN, N.. Managing Crime Risks: Toward an insurance-based Model of Social Control. Research in Law, Deviance and Social Control, 8, 1986, pp. 151-172.

ROSSI, U. Note sulla metropoli come laboratori viventi del platform capitalism, 2017. http://www.euronomade.info/?p=8941 (on-line: 3 marzo 2017).

ROSSITER, N. Software, Infrastructure, Labor: a Media Theory of Logistical Nightmares. New York and London: Routledge, 2016.

ROUVROY, A. e BERNS, T. Gouvernamentalité algorithmique et perspectives d’emancipation. Le disparate comme condition d’individuation par la relation? Réseaux, 177, 2013, pp. 164-196.

SCHMITT, C.. Der Staat als Mechanismus bei Hobbes und Descartes. Archiv für Rechts- und Sozialphilosophie, 30, 1936, pp. 622-632 [O Estado como mecanismo em Hobbes e Descartes”. Tradução de Rone Eleandro dos Santos. Controvérsia, São Leopoldo, v. 13, n.2, p. 149-155, mai-ago., 2017].

SRNICEK, N.. Platform capitalism. Cambridge: Polity Press, 2016.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

2018-12-29

Como Citar

Chignola, S. (2018). A toupeira e a serpente. Revista De Direitos E Garantias Fundamentais, 19(3), 239–269. https://doi.org/10.18759/rdgf.v19i3.1599